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Pietismo
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Pietismo

 
 
Philip Jacob Spener (1635-1705) conhecido como o "Pai do Pietismo".

Pietismo foi um movimento surgido no final do século XVII dentro do Luteranismo, como oposição à negligência da ortodoxia luterana para com a dimensão pessoal da religião. O Pietismo influenciou o surgimento de movimentos religiosos independentes de inspiração protestante tais como o pentecostalismo, o neo-pentecostalismo e o carismatismo, todos de caráter Anabatista. O Pietismo combinava o Luteranismo do tempo da reforma, enfatizando a piedade do indivíduo e uma vigorosa vida cristã.

 Histórico

A origem do Pietismo é atribuída a Philip Jacob Spener. Nascido em Rappoltsweiler na Alsácia no dia 13 de janeiro de 1635, treinado por uma madrinha devota que se utilizava de livros de devoção como "Arndt's True Christianity", Spener foi convencido da necessidade de uma reforma moral e religiosa no Luteranismo germânico. Ele estudou teologia em Strasbourg, onde os professores da época (especialmente Sebastian Schmidt) tinham inclinação para o "Cristianismo prático" ao invés da disputa teológica. Ele posteriormente passou um ano em Genebra, e foi poderosamente influenciado pela rígida disciplina eclesiástica e pela vida moral estrita aí prevalescente, e também pela pregação e piedade do professor Antoine Leger e dos pregador jesuíta convertido ao protestasntismo Jean de Labadie.

Durante uma estada em Tübingen, Spener leu o Grossgebauer's Alarm Cry, e em 1666 recebeu seu primeiro encargo pastoral em Frankfurt com a opinião de que a vida cristã no seio do Luteranismo (Lutheranism Evangelical) estava a ser sacrificada pelo rígido zelo da ortodoxia. O Pietismo, foi um movimento distinto na Igreja alemã, originando-se através de Spener que promovia reuniões religiosas em sua casa (collegia pietatis) em que pregava seus sermões, expondo passagens do Novo Testamento e induzindo os presentes a participar na discussão de questões religiosas que surgiram. Em 1675 publicou o Pia desideria ou Earnest Desires for a Reform of the True Evangelical Church, cujo título deu origem ao termo "Pietists". Nesta publicação ele fez seis propostas como o melhor meio de restaurar a vida da Igreja:

  1. Sério e profundo estudo da Bíblia em reuniões privadas, em ecclesiolae ecclesia ( "igrejas dentro da Igreja");
  2. O Cristianismo sendo o sacerdócio universal, os leigos devem partilhar no governo espiritual da Igreja;
  3. O conhecimento do Cristianismo deve ser alcançado através da prática;
  4. Ao invés de ataques aos incrédulos e heterodoxos, dar um tratamento simpático e gentil a eles;
  5. Uma reorganização da formação teológica das universidades, dando maior destaque à vida devocional;
  6. Um estilo diferente de pregação, ou seja, no lugar de retórica agradável, a implantação do cristianismo, no interior ou novo homem, que é a alma da fé, devendo trazer frutos para a vida.

Este trabalho produziu uma grande impressão em toda a Alemanha e, embora um grande número de teólogos e pastores luteranos ortodoxos tenham sido profundamente ofendidos por Spener em seu livro, as suas reivindicações foram admitidas e muito bem justificadas. Consequentemente, um grande número de pastores imediatamente adotaram as propostas de Spener.

 Doutrina

O tema central do pietismo é a experiência do crente com Deus, sua condição de pecador e o caminho para sua salvação. Sublinhava-se a necessidade da conversão individual e do nascer de uma nova conduta no crente, desapegada do mundo material e firmada no apoio mútuo da comunidade reunida em culto ao redor do estudo da Bíblia. Ao enfatizar a dimensão experiencial e a prática da fé, os pietistas, por um lado, desenvolveram uma moralidade ascética por vezes áspera, especialmente no que tange à alimentação, vestimenta e lazer; por outro lado, enfatizaram um sentimento de responsabilidade para com o mundo, do qual desdobraram-se atividades de missão e caridade. Além disso, dada a ênfase no contato direto da pessoa com Deus, as diferenciações entre clero e laicato foram amainadas e o sentimento de pertença eclesiástica arrefecido nas experiências de pequenos grupos (ecclesiola in ecclesiae)., os "collegia pietatis".

Defendia uma experiência vitalista da fé, pela demonstração e comprovação desta numa piedade prática, através da rejeição do espírito mundano e pela participação a(c)tiva dos leigos em reuniões ou conventículos de «cristãos conversos».

O pietismo prático foi promovido pela nova universidade pietista de Halle (Saale).

Um pietismo intimamente ligado a um organização eclesial surgiu em Württemberg. Mais tarde, o conde August Hermann von Zinderdorf fundou uma comunidade dos «irmãos de Hurrnhut».

Depois de ter manifestado a sua oposição à intransigente ortodoxia calvinista, o pietismo revolta-se também contra o racionalismo.

As aspirações escatológicas, a interpretação subjectiva, mística e entusiástica da piedade, unidas muitas vezes a um rigorismo de tipo legalista, levaram à dissolução do pietismo em diversos segmentos cristãos.

O pietismo desprezava a jurisdição eclesiástica, considerando apenas a teologia mística e a contemplação espiritual. Atacava com veemência a imoralidade que imperava desde a Guerra dos Trinta Anos.

Como verdadeiro mentor e chefe do movimento surge Philip Jacob Spener (1635-1705), conhecido pela sua obra Pia desideria (1676). Outras figuras importantes do pietismo foram: August Hermann Francke, Albrecht Bengel, Paul Anton e Schade.

No Brasil o Pietismo se encontra presente dentro da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil por meio da Missão Evangélica União Cristã, Igreja evangélica dos Irmãos. E também está presente na Igreja Evangélica Congregacional do Brasil, como base teológica da denominação. Também a Igreja do Cristianismo Decidido surgiu no Brasil a partir de uma missão luterana pietista da Alemanha na cidade de Curitiba

 

Pastor Muller

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