Ugarit (atual Ras Shamra, em árabe: رأس شمرة, significando "topo/cabeça/capa do funcho selvagem") foi uma antiga e cosmopolita cidade portuária, situada na costa mediterrânea do norte da Síria, alguns quilômetros ao norte da cidade moderna de Latakia. Ugarit enviava tributo ao Egito e mantinha vínculos diplomáticos e comerciais com o antigo Chipre (chamado então de Alashiya), documentados nos arquivos recuperados do sítio arqueológico e corroborados pela cerâmica cipriota e micênica descoberta ali. O apogeu da cidade ocorreu de cerca de 1450 a.C. até 1200 a.C..
A localização de Ugarit foi esquecida até 1928, quando um camponês alauíta abriu acidentalmente uma tumba antiga enquanto arava o campo. A área descoberta era a necrópole de Ugarit. As escavações reveleram desde então uma cidade importante, que se situa ao lado de Ur e Eridu como o berço da cultura urbana, com uma pré-história que alcança o sexto milênio a.C., talvez por ter sido tanto um porto como a entrada da rota comercial que levava às terras em torno dos rios Tigre e Eufrates.
A maioria das escavações em Ugarit foram realizadas pelo arqueólogo Claude Schaeffer, do Museu Pré-Histórico e Galo-Romano de Estrasburgo. As escavações descobriram um palácio real de 90 quartos distribuído ao longo de oito pátios fechados, muitas moradias privadas, duas bibliotecas (uma delas pertecente a um diplomata chamado Rapanu) que continham textos diplomáticos, legais, econômicos, administrativos, acadêmicos, literários e religiosos. No topo do morro onde a cidade foi construída estavam dois templos principais: um dedicado a Baal, o "rei", filho de El, e um a Dagon, o deus ctônico da fertilidade e do trigo.
Durante uma escavação do sítio, diversos depósitos de tabuletas de argila na escrita cuneiforme foram encontradas, constituindo uma biblioteca do palácio, outra biblioteca de um templo e -- uma aparente exclusividade no mundo então—duas bibliotecas privadas; todas datando da última fase de Ugarit, em cerca de 1200 a.C.. As tabuletas descobertas neste centro cosmopolita foram escritas em quatro línguas: sumério, hurrita, acádio (o idioma da diplomacia no antigo Oriente Médio), e ugarítico (do qual nada se conhecia até então). Nada menos que sete alfabetos diferentes eram utilizados em Ugarit: hieróglifos egípcios e luvitas, e os cuneiformes eteocretense, sumério, acádio, hurrita e ugarítico.
Durante as escavações, em 1958, mais uma biblioteca de tabuletas foi descoberta. Estas foram, no entanto, vendidas no mercado negro, e demoraram para ser recuperadas. As "tabuletas Claremont-Ras Shamra" agora estão armazenadas no Instituto para a Antiguidade e a Cristandade, na Claremont School of Theology, em Claremont (Califórnia), Califórnia. Elas foram editadas por Loren R. Fisher em 1971. Em 1973, um arquivo contendo cerca de 120 tabuletas foi descoberto durante escavações de resgate; no ano de 1994 mais de 300 outras tabuletas foram descobertas neste sítio em um grande edifício de pedra polida, cobrindo assim os anos finais da existência da cidade na Idade do Bronze.
A obra de literatura mais importante descoberta em Ugarit é o Ciclo de Baal, que descreve a base da religião e do culto do Baal canaanita.