A Regeneração
Como já visto no quesito anterior, quando respondemos ao chamado divino, ao convite do Espírito a sua Palavra, Deus opera em nós as transformações necessárias para que possamos ser inseridos na família cristã para participação em seu reino, regenerando os que dantes padeciam em suas faltas, justificando-os, posto que outrora se achavam em condenação e, por fim, adotando-os, numa mostra inigualável do amor que excede todo o entendimento, já que antes da conversão, éramos por natureza filhos do inimigo.
A ocorrência simultânea destes benefícios, não impede, de qualquer forma, que eles sejam estudados distintamente.
O ato regenerativo que se inicia com Deus comunicando em nosso espírito as suas verdades, é decisivo e instantâneo quanto à aplicação, mas quanto ao processo, é gradual. É a partir desse divino procedimento que a natureza humana do convertido passa a ser moldada de acordo com o interesse do Pai.
O termo grego palingenesia, que é traduzido por regeneração, surge apenas duas vezes no Novo Testamento. Uma das ocorrências está em Mateus 19.28, todavia não reflete o propósito espiritual regenerativo, antes, diz respeito ao “novo mundo”, isto é, que as esperanças judaicas repousavam sobre a idéia de uma renovação tanto da terra de Israel como de todo o mundo (Rienecker & Rogers, p. 43). A segunda grafia do termo, em Tito 3.5, mais adequadamente, refere-se à renovação espiritual da pessoa.
O Antigo Testamento, ao discorrer sobre a regeneração, parece fazer distinção quando limita este procedimento à nação de Israel, mas a linguagem figurativa que a Bíblia emprega em sua extensão favorece a compreensão do que realmente acontece.
De Ezequiel 11.19 extraímos: “E lhe darei um mesmo coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne”. Esta figura de linguagem aponta para um tempo posterior, que ainda não podia ser vislumbrado pelo povo de Israel, mas que, sem dúvida, falava sobre que mesmo antes da destruição de Jerusalém, a luz da esperança (a direção do Espírito) já brilhava à espera daqueles que quisessem ser por ela guiados, sujeição humana da qual decorreria regeneração.
“Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados [...] E porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos darei um coração de carne [...] E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos...” (Ez 36.25-27). Este novo paralelo em Ezequiel também aponta para um Novo Concerto, com operações ocasionadas pelo Espírito Santo, o que envolve a atribuição de dons espirituais. A concessão do Espírito Santo conforme versam as passagens destacadas, já era compreendida, do ponto de vista dos profetas, como uma ocorrência própria de uma nova era. Todos estes aspectos sucedem-se em decorrência da incapacidade do chamado “coração de pedra” havido entre os judeus, de responderem com obediência e amor aos estatutos divinos. É interessante notar que esta providência parte de Deus e independe da iniciativa humana.
Jeremias é outro profeta que retransmite palavras divinas com o mesmo sentido de regeneração para um tempo posterior (Jr 31.33).
Remontando a um tempo ainda mais longínquo (séc. XV a.C.), verificamos que em Deuteronômio (30.6) já havia sido proclamada uma prefiguração dos acontecimentos referentes à forma como Deus procederia à regeneração de seu povo, estendendo a providência aos gentios: “E o SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração...”. A ação divina proposta neste versículo, fala de uma providência que só poderia ter seu devido efeito se tomada por Deus, posto que o homem por si mesmo não quer se regenerar, natural escravo que é de suas concupiscências e desejos, galgando sempre razões práticas e sofismáticas para se manter no pecado.
O Novo Testamento aprecia o quesito regeneração associando-o a uma nova criação de um mesmo homem, isto é, de um ser novamente criado.
O termo grego empregado em 2Coríntios 5.17 por Paulo (ktisiV - ktísis - criação) se refere à experiência do novo nascimento, que para este caso, está diretamente relacionado à nova criação, elemento obrigatório para efetiva regeneração humana.
Esta referência não pode ser tomada de forma individual, mas sempre considerada para a totalidade da Igreja e, assim, todos os cristãos são parte de uma nova criação, daí a possibilidade da qualificação para “nova criatura”. Os rabinos, segundo o entendimento judaico, empregavam esta expressão para citar aqueles cujos pecados haviam sido expiados.
Há um detalhe importante e insuperável neste aspecto neo-criacionista regenerativo, que é o fato de esta “nova criação” não extinguir, simplesmente, da vida da “nova criatura”, o seu passado. A mudança procedida está centrada na posição que o homem passa a ter diante de Deus.
Uma palavra tida como detentora de maior importância, segundo o conceito da obra de Horton, está localizada em João 3.3, referindo-se claramente a um novo nascimento: gennhqh - gennete – aoristo passivo de gennaw, (Rienecker & Rogers, pág. 165).
Esta nova geração, com sentido efetivo de “criação”, também acha respaldo nas palavras de Pedro em sua primeira epístola universal. O termo anagennhsaV - anagennesas, oferece tradução mais objetiva para o caso, como “regenerar” (ARA), “fazer nascer de novo”, “gerar” (ARC). A experiência sobrenatural da regeneração, como já dantes dito, especialmente por não estar presa à razoabilidade, não pode ser atribuída a qualquer homem, por mais virtuoso que ele possa parecer aos olhos humanos. Somente Deus pode proceder esta regeneração.
A experiência do “novo nascimento” é de tal forma radical, que necessariamente carece de um processo de aprimoramento e a regeneração é o início de nosso crescimento no conhecimento de Deus e da transformação de nosso caráter.
Wayne Gruden, em sua análise sobre este tema, define regeneração como um ato secreto de Deus pelo qual nos confere nova vida espiritual, descansando, como Horton, na sintetizada expressão bíblica “nascer de novo”.
Exclusividade da ação divina
O complexo procedimento da redenção em sua totalidade engloba ações e iniciativas que procedem do homem, identificando nele uma parte ativa neste processo, o que se conclui, dado que a perseverança, por exemplo, depende da iniciativa humana em insistir na luta contra o mal.
Para a regeneração, todavia, não se observa esta participação humana, estando fora do alcance da nova criatura o desempenho de qualquer papel que “colabore” com a providência regenerativa divina.
O evangelho de João (1.12,13), descortina este fato, pois a expressão “a todos quantos o receberam...” (v.12) identifica a ação que está proposta ao homem, isto é, “receber” a Deus na Pessoa de Cristo. Neste conceito temos a clara idéia de que o nascimento carnal, experiência primeira de cada ser humano existente, não traz como conseqüência deste nascimento a filiação divina, que só está proposta aos que crêem.
A segunda parte do procedimento salvífico é efetuar o “novo nascimento” e, para esta ação, não participa ou coopera a vontade do homem. Este novo nascimento (no espírito) tem lugar pela ação do Espírito Santo que dá vida àqueles que estavam mortos em seus delitos e pecados (Ef 2.1,13).
Esta parte do processo de salvação que é realizado por Deus de forma soberana e graciosa, não revoga a realidade da necessidade da resposta humana daquele que primeiro creu para que depois receba.
Várias são as razões de argumentação que sustentam a passividade humana no ato regenerativo que podem ser apreciadas no Novo Testamento. Tiago é um dos expositores da questão, quando afirma: “Segundo a sua vontade ele nos gerou...” (1.18). Shedd atesta que o maior e mais importante dom concedido por Deus ao homem é a regeneração pela Palavra da Verdade.
Pedro é uníssono com Tiago e enfatiza, da mesma forma, a regeneração que não procede de desejo humano: “sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus...” (1Pe 1.23 cf. Jo 1.12,13).
A associação mais prática para esta questão refere-se ao nascimento carnal, isto é, que não escolhemos tornarmo-nos vivos fisicamente, da mesma forma que não parte de nós a escolha por nascer; estes fenômenos apenas nos acontecem e somos passivos quanto a eles.
O termo regeneração
Embora haja divergências por parte de outras obras de Teologia Sistemática, a obra de Horton, até pelo seu cunho pentecostal, efetuou uma análise na mudança que é operada por Deus na alma e que recebe uma série de nomenclaturas em expressões como “novo nascimento”, “ressurreição”, “nova vida”, “nova criatura”, “renovação da mente” e outras.
No universo teológico, a preferência se prende à “regeneração”, “renovação” ou ainda “conversão”. O emprego destas terminologias ocorre de várias formas nas páginas bíblicas, podendo ser usados de forma correlacionada como também para considerações específicas sobre o processo de renovação espiritual.
Para os teólogos dos idos de 1700 d.C., os termos “regeneração” e “conversão” eram sinônimos, mas na verdade persevera uma distinção entre essas palavras, daí porque necessitam ser designadas por termos distintos. Uma análise mais criteriosa dos termos em sua originalidade revela a diferença que é preservada entre os mesmos no texto bíblico.
Se a regeneração ocorre por influência direta ou indireta do Espírito Santo, a atividade ou passividade do homem na ação regenerativa deve ser apreciada de uma forma, enquanto que se a regeneração for estudada em seu sentido específico, deve ser tomada por um prisma diverso.
Isto posto, encontramos o termo grego metanoia como forma de “arrependimento”; “mudança de mente” ou ainda “volta para Deus”, isto é, a palavra nos revela aquilo que o homem é chamado a fazer. Já o termo anagennesis refere-se à “regeneração” e, neste caso, o ato exclusivo realizado por Deus no homem. Esta mesma atividade, já explicada dentro do conceito, informa que a regeneração é efetuada na alma, centro dos desejos e emoções humanas.
A Igreja Católica Romana, numa visão mais simplificada, destaca a justificação como a providência divina acerca de que o homem é tornado justo, isento do pecado e introspectivamente santo. Isso, na verdade ocorre com a regeneração e santificação. Este posicionamento habilita seus propagadores a empregarem as palavras em posições trocadas.
A confissão luterana, em sua Apologia da Confissão de Augsburgo entende que a regeneração inclui a justificação, ou seja, crê que ela reúne todo o processo pelo qual o pecador é transportado de uma situação de iniqüidade e conseqüente condenação para a posição de salvo.
Já na Igreja primitiva, observava-se uma aplicação do termo regeneração, não concernente a uma mudança moral interior do indivíduo, mas a uma variação positiva do estado externo. Os judeus, como observamos anteriormente, traduziam por “novo nascimento” o envolvimento sincero de um pagão com o judaísmo, após este ter se tornado prosélito da fé judaica. A teocracia judaica asseverava que a mudança do indivíduo do estado externo para o interno, era conhecida como regeneração.
A aplicabilidade despreocupada do termo regeneração faria com que essas variadas concepções passassem a fazer parte da ortodoxia da igreja cristã. Bastava ao novo convertido ingressar na igreja para que fosse reconhecido como uma “nova criatura”, destacando o batismo como rito inicial da regeneração. O uso indevido do termo, neste aspecto, não foi extinto.
Pessoas ainda fazem distinção entre “regeneração” e “renovação espiritual”. A primeira surge externamente. A segunda opera no íntimo. Partidários da regeneração batismal também fazem esta diferenciação. Para este grupo, a regeneração que ocorre no batismo não está relacionada a uma mudança espiritual da alma, mas sim, a um mero “nascimento” na Igreja visível.
Para Finney, regeneração é a palavra usada pela maioria das escolas teológicas para retratar a ação divina que norteia a mudança executada por Deus no coração do homem. Nestas escolas, a regeneração não acomoda nem sugere a atividade do indivíduo no ato regenerativo, preferindo antes, tão somente excluí-lo.
Os teólogos que sustentam esta tese entendem que uma alteração no caráter íntimo (coração) do homem é primeiro procedida pelo Espírito Santo, ocasião na qual se atesta uma absoluta passividade do agente.
A partir dessa ação regeneradora, forma-se, crêem eles, a base necessária para a atividade de desenvolvimento humano do arrependimento, da fé e do amor.
Esta mesma corrente teológica refere-se à conversão como prova externa da mudança de atividade do homem, mas somente após a efetiva ação do Espírito no ato da regeneração. Esta etapa do processo salvífico não agrega nem acarreta a ação do Espírito Santo, repousando exclusivamente na iniciativa humana.
Parafraseando, segundo este entendimento, compreendem que o Espírito Santo primeiro regenera (ou transforma) o coração; depois, o indivíduo, outrora pecador, muda (ou se converte). Nesta linha de pensamento percebe-se uma distinção clara nas ações, cada qual realizada a seu tempo, iniciando com a providência divina e concluindo com a iniciativa humana.
A conclusão desta escola para esta tese assevera que o indivíduo é efetivamente o agente passivo na regeneração, mas plenamente ativo na conversão.
Sobre este conceito apresentado, Finney se posiciona considerando as teorias filosóficas, de onde depreende que as concepções desta escola a respeito da regeneração resultam da defesa da doutrina religiosa da depravação moral característica do homem.
O operador da regeneração
Considerando a doutrina eclesiástica que sustenta a existência de um só Deus que subsiste em três pessoas distintas – Pai, Filho e Espírito Santo – muitos poderiam questionar, segundo a distinção que a Bíblia parece dar a cada uma das Pessoas, qual das essências produziria o novo nascimento.
Gruden discorre sobre este tema referenciando os pontos textuais bíblicos que fazem proceder a questão.
Jesus, por exemplo, no Evangelho de João asseverou: “... assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3.8). Essa afirmação parece tornar criterioso que é especialmente o Deus Espírito Santo que produz a salvação, sem excluir, como já dito, a necessidade da resposta humana à fé por meio do arrependimento para efetiva regeneração.
A referência de João, entretanto, não pode exaurir a temática como se fosse norma indiscutível. Paulo, aos efésios, escreveu que é Deus (na Pessoa do Pai) quem nos deu “vida” juntamente com Cristo; “vida”, obviamente, no contexto espiritual, em contraponto à “morte”, nesta mesma esfera, na qual jazíamos em ofensas e delitos, conceito explorado pelo apóstolo.
Pedro, do Pai, reconhece: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança...” (1Pe 1.3) Este é um pensamento freqüentemente encontrado nas Escrituras e não destoa da exclusividade divina na atuação regenerativa.
A conclusão não pode deixar de considerar qualquer das citações, posto que todas decorrem da inerrância textual bíblica e, assim, é correto afirmar que a regeneração (novo nascimento) tem sua origem tanto no Pai como no Espírito Santo.
Wayne Gruden propõe outra questão, indagando a co-relação entre o chamado eficaz e a regeneração. A corrente que se forma a partir dessa investigação entende que a regeneração deve preceder a resposta ao chamado eficaz, para que este “sim” seja proferido com uma fé que já se acha eivada da esperança de salvação e que, por seu turno, descende do novo nascimento.
No que concerne ao intervalo de tempo entre essas operações espirituais, esclarece-se haver dificuldade em precisá-lo, já que entre a regeneração e o início de um ministério evangelístico pode variar muito de pessoa para pessoa, para que, somente após o ingresso do converso na seara do Senhor, possa ser diagnosticada uma resposta positiva ao referido chamado eficaz.
Duas oportunidades bíblicas (Tg 1.18; 1Pe 1.23) nos conduzem a uma corrente que aponta para regeneração e chamado eficaz como fatos simultâneos na vida do crente. Ambos os textos – já transcritos – condicionam a regeneração à Sagrada Escritura; fiel portadora da “Boa Nova” e da qual se extrai o chamado eficaz (Rm 10.17).
Distinção dos termos: chamado eficaz ocorre quando Deus fala a nós poderosamente pela sua Palavra, enquanto que a regeneração acontece quando Deus (Pai e Espírito Santo) operam em nós poderosamente, elucidando-nos e aplicando a nossas vidas as verdades da Bíblia.
Dessa interação entre regeneração e chamado eficaz provem a fé, outro atributo divino cuja emanação independe do homem, já que a fé não é vista como atuação positiva do indivíduo, o qual simplesmente a absorve, recebida de Deus.
O episódio narrado em Atos 10.44 parece referendar perfeitamente este pensamento, por nos demonstrar que, enquanto Pedro anunciava Cristo a Cornélio e sua família, o Espírito Santo caiu sobre todos os que estavam presentes. Este acontecimento deu-se para suscitar a evidência da concomitância do chamado eficaz e da regeneração.
O calvinismo compreende ainda dentro da questão regeneradora, a ação divina conhecida pelo termo graça irresistível, muitas vezes adotado na discussão deste quesito.
O termo está intrinsecamente associado ao já explorado chamado eficaz, pelo qual Deus atrai a si os homens, provendo-lhes após o chamado a regeneração, considerando que ambas as ações garantirão a resposta do homem que declarará sua fé.
Objeções, entretanto, são apresentadas à tese da graça irresistível, por proporcionar a alguns o entendimento de que, desse modo, o homem não poderia fazer uma livre e espontânea escolha do Evangelho.
Gruden explica que esta concepção é equivocada e não condiz com o que realmente ocorre. Apesar disso, a regeneração vista pelo prisma da graça irresistível traz algo de satisfatório, isto é, que a Palavra de Deus é de tal forma embutida no homem que não restará dúvida de uma resposta positiva de sua parte, ainda que esta resposta seja voluntária.
O conhecimento restrito da regeneração
Considerando a ação exclusivamente divina do ato regenerativo, conclui-se que não é possível, em profundidade, esmiuçar os fenômenos que decorrem desse benefício celeste.
A investigação bíblica nos abre caminhos que nos conduzem apenas até os limites de sua letra, para revelar-nos que outrora estivemos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1) e agora usufruímos a vivificação exercida pelo Pai, a qual, num sentido genuíno, motivou nosso “novo nascimento” (Jo 3.3,7; Ef 2.5; Cl 2.13).
Para os que se dão a algo mais expressivo que o singelo entendimento do plano salvífico, a incompreensão da intimidade com o agir de Deus em todo o processo de salvação convida-os à busca de elucidações.
A Bíblia nos apresenta a regeneração como fator que envolve o homem em sua totalidade. Uma vez atingido pela mudança que a regeneração promove, ensina Paulo aos romanos (8.10), que o exercício do homem em prol da carne cessa para dar lugar a uma nova natureza que se permitiu aflorar, a espiritual. E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive...”
Como esta característica revela nitidamente a integralidade do homem, não bastaria, a vista das palavras de Paulo, afirmar que o espírito somente é que estava morto em ofensas e pecados, mas sim que nós, toda a essência humana, padecia da “morte” decorrente da condenação.
Da mesma forma que não cabe a idéia de que apenas o espírito é vivificado quando da regeneração, visto que toda a matéria, cada parte de nós, de várias formas, é alcançada pelo poder regenerador. É nesse sentido que devemos interpretar o texto de 2Coríntios 5.17: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é...”
Pessoas alcançadas pela ação regeneradora de Deus freqüentemente declaram em seus testemunhos que não sabem exatamente o que aconteceu em seus corações, mas sabem que já não são aqueles que desconsideravam o plano e a Pessoa de Cristo. Uma inquirição após a regeneração revelará uma postura crente e confiante na obra salvadora desenvolvida pelo Senhor.
Ainda que tentemos dissecar nossa própria experiência regenerativa, continuaríamos inabilitados para procedermos a uma clara e imparcial argumentação deste fenômeno cristão, o que nos rememora as Palavras do Senhor Jesus quando falava da liberdade de ação que o Espírito Santo possui no coração dos regenerados. “O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (Jo 3.8).
Faculdade ICP
Pastor Muller