Teologia Sistemática III
0 fruto do Espírito Santo
Vale ressaltar que há distinção entre os dons do Espírito e o fruto do Espírito. Para que o cristão tenha uma vida de santificação e repleta de grandes realizações, é necessário que esteja ativo nele o fruto do Espírito. Por definição, fruto do Espírito são as virtudes e manifestações do Espírito Santo na vida e personalidade do cristão.
É significante atentar que o fato de ser “fruto” (singular), e não “frutos” (plural), do Espírito remete à necessidade de que todas as virtudes e manifestações devem ser únicas e total, fazendo do cristão uma pessoa completa com estas virtudes, ou seja, não basta ter algumas destas qualidades, mas todas, simultaneamente. Vejamos:
“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (G1 5.22).
Caridade
Esta palavra no grego é ágape, a essência do amor. Não tem nada a ver com o amor humano, mas, sim, com o amor imutável, divino e verdadeiro, a ponto de amar até o próprio inimigo:
“Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também
mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?” (Mt 5.46,47; grifo do autor).
“E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3.14; grifo do autor).
Gozo
Do grego chara, é uma grande satisfação espiritual. E estar alegre mesmo em tribulações:
“Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo” (At 5.42; grifo do autor).
“Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e grande a minha jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação; transbordo de gozo em todas as nossas tribulações” (2Co 7.4; grifo do autor).
Paz
Do grego eirene, significa aquietar o coração, não estar ansioso. E manter a calma e a tranqüilidade em meio às situações adversas:
“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e osvosso! sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4.7; )
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo” (lTs 5.23; grifo do autor).
Longanimidade
Do grego makrothumia, significa paciência, demorar-se em irar, tolerância e calma para enfrentar as adversidades:
“Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade,amor, paciência” (2Tm 3.10; ).
“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas élongânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2Pe 3.9; ).
“Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor”(Ef 4.1,2; ).
Benignidade
Do grego khrêstotês, é a disposição que a pessoa tem em seu caráter de querer bem a todos, e não magoar ninguém:
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade” (Cl 3.12; grifo do autor).
“Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32; ).
Bondade
Do grego agathôsunê, a bondade é quando alguém pratica o bem, ou seja, é o verdadeiro amor colocado em prática:
“Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (G1 6.10;).
Fé
Do grego pistis, é confiar com fidelidade. E tratar com honestidade, compromisso e fide- dignidade:
“Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.17; ).
“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6; grifo do autor).
Cabe lembrar aqui que, embora a fé seja um aspecto muito importante do fruto do Espírito, ela, porém, pode perder seu valor se não for acompanhada de obras sinceras: “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fépode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?” (Tg 2.14-16; ).
Mansidão
Do grego pautes, não significa ter atitudes inertes, mas é sujeitar-se a algumas situações, ainda que estas envolvam atitudes enérgicas em certas ocasiões.
Podemos enxergar este contexto no impasse entre Paulo e Marcos: “E Barnabé aconselhava que tomassem consigo a João, chamado Marcos. Mas a Paulo parecia razoável que não tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os acompanhou naquela obra. E tal contenda houve entre eles, que se apartaram um do outro. Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre. E Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu, encomendado pelos irmãos à graça de Deus” (At 15.37-39). Apesar desta pequena “contenda” inicial, podemos ver posteriormente que não foi nutrido qualquer sentimento de cólera entre Paulo e Marcos, muito pelo contrário: “Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério” (2Tm 4.11).
Como observamos, a mansidão está inerentemente ligada ao exercício do ministério, mormente, na evangelização: “Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade” (2Tm 2.25; ).
Temperança
É também chamada de domínio próprio. É a capacidade que a pessoa tem de se controlar. E isto se refere a todo o tipo de controle: sobre os desejos, paixões, impulsos etc:
“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg 3.2).
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (ICo 6.12).
Faculdade ICP
Pastor Muller